Minhas Impressões como participante no Piloto do Real Digital (DREX), e um detalhe que não me agradou

Introdução:

Antes de tudo, quero esclarecer que este artigo reflete exclusivamente minha opinião pessoal e não representa a visão da CERC. Vamos mergulhar no projeto Piloto do Real Digital e entender seus méritos e áreas de melhoria.


O Que é o Real Digital?

A empresa em que trabalho, CERC, integra um dos consórcios aprovados pelo BCB (Banco Central do Brasil) para participar deste projeto piloto. Também fazem parte do consórcio a Sinquia, Mastercard, Mercado Bitcoin e Banco Genial. Tenho atuado como liderança técnica pela CERC e vou compartilhar minhas primeiras impressões com vocês.

O Piloto do Real Digital é uma iniciativa do BCB para criar uma representação digital do real usando a tecnologia blockchain (Hyperledger Besu). Esta “criptomoeda” é denominada Real Digital ou DREX.

Agora, você pode estar se perguntando: o BCB está tentando replicar algo volátil como o Bitcoin? Resposta curta: Não.

Como o próprio nome sugere, é um projeto piloto. Ainda não há certezas sobre a implementação final para o público em geral, mas já podemos ter uma ideia. Por exemplo, 1 Real (de papel) terá o mesmo valor que 1 DREX, ou real digital.


Polêmica:

Talvez você já tenha se deparado com notícias alegando que o código fonte do Real Digital possui funções que permitem ao BCB congelar fundos. Leia mais aqui. E sim, é verdade! Se desejar, pode verificar diretamente no Github do projeto.

Porém, não entre em pânico! Há boas razões para essa funcionalidade.

Minha opinião, baseada nos dados e explicações fornecidos pelo BCB até o momento, é que, embora a introdução de uma criptomoeda por um banco central seja inovadora, o BCB tem uma abordagem cautelosa – algo vital tanto para o sucesso do projeto quanto para a estabilidade financeira no Brasil.


Como Funciona?

Diferentemente da maioria das criptomoedas, onde as transferências ocorrem em um único passo, no Real Digital, o processo é mais complexo. Aqui está um exemplo de como funciona:

  1. O usuário “U1” do banco “B1” deseja transferir Real Digital para o usuário “U2” do banco “B2”.
  2. “B1” subtrai o valor da carteira de “U1”.
  3. “B1” destrói os tokens de real digital.
  4. “B1” transfere CBDC para o banco “B2”.
  5. “B2” cria (ou “minta”) o Real Digital.
  6. “B2” credita o valor na conta de “U2”.

O processo acima é muito similar ao que ocorre quando se realiza uma transação via PIX.

E o que é CBDC? É a sigla para Central Bank Digital Currency. Basicamente, é uma representação em criptomoeda do dinheiro de reserva que as instituições financeiras mantêm no Banco Central.


Perspectiva Futura:

Aqueles apaixonados por blockchain e DeFi talvez estejam desapontados com essa abordagem inicial. No entanto, é essencial entender que este é apenas o começo. Vejo um grande potencial neste projeto, e acredito que, com o tempo, trará inúmeros benefícios para a população.

Se você esperava ver um sistema totalmente descentralizado vindo do Banco CENTRAL… bem, o nome já diz muito, não é?


Conclusão:

Ao refletir sobre o Piloto do Real Digital, é inegável o salto inovador que o Banco Central do Brasil está tentando dar. A abordagem cuidadosa adotada neste projeto piloto revela uma profunda responsabilidade com a estabilidade financeira do país e com a confiança do público.

Como em todo projeto inovador, há sempre áreas de aprimoramento e ajustes, mas o que se destaca é o potencial transformador desta iniciativa. Ela pode moldar o futuro do sistema financeiro brasileiro, trazendo novas possibilidades e benefícios para os brasileiros.

Convido todos a acompanhar de perto este projeto e a participar deste debate. Afinal, o futuro do nosso sistema monetário está em jogo, e é fundamental que todos nós, como sociedade, estejamos bem informados e engajados na discussão.

Ah, quase me esqueci! E sobre o que não estou gostando no piloto? O nome, DREX. Soa como um personagem de Guardiões da Galáxia. Adoro o filme, mas o nome parece um pouco fora do contexto. Talvez eu me acostume com o tempo…

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